quarta-feira, 17 de junho de 2009

Esperando Godot - absurdo incoveniente.

Quando olhar pro reflexo azul,
segundos se passaram
e derramou-se vida.
Pouco ou muito dela se esvazia.
E ainda vejo quem
quer recuperá-la,
mas como ter tudo o que se derrama?
Cravo as plantas no chão,
sigo pelo cinza.
Do meu lado ouço
de uma boca que
não prova de mesa farta:
"Você não vai embora!
Não vai não!"
Olhos repreensivos e,
agora, os olhos da boca
também falam:
molham o rosto de
quem também viveu
a fantasia de compras
e posses, que muitos
aindam declaram
como verdade irredutível.
Enquanto olham enojados
pro seu cabelo, rosto
e todo resto imundos,
eles não se olham,
menos ainda à sua volta.
Porque tudo uniforme?
Por que as mesmas atitudes?
Por que a vergonha de ser o que se é?
Bom,
gostaria de escrever toda
a história que vi
naquele ser de alma
e coração,
mas como se explicar
pra pessoas que
vivem de angústia
e saboreiam
de um defunto
que veste preto e repete:
"Trabalhem, trabalhem,
vivam, respirem
e absorvam a obrigação como meio!"
e toda realidade
se encobre da fantasia
colorida
de uma propaganda.
Ainda não descobrimos,
não nascemos,
vivemos em sono profundo
esperando ninguém
em lugar algum.

Angela K. Toth

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Instante

Ódio por seguir
com os fantasmas alheios
e orgulho infantil
por não me permitir ser derrotado.
Estraçalhar sentimentos
destruir almas....
Bom, bom, mas e agora?
E agora que leio
a alma alheia
que senti a dor de alguém
que chorei por ver
algo que era pra ser
mas não foi?
É mais do que melancolia e tristeza,
é entender que fui injusto
que não quis entender a carência
de outro....
Agora vejo
a agonia d'alma
que chora como a minha
que se aflige
e geme como a minha.
Agora é piedade
agora é dor idêntica,
melancolia com o fim do dia....
Me divido em vingança,
ódio,
dor,
amor,
ausência,
abandono....
Agora entendo
e choro por sua dor
que agora é minha.

Angela K. Toth