domingo, 18 de outubro de 2009

No muro

Siga a sigla.
Vestígios para a eternidade.
São formas, línguas, ética imoral.
As texturas sonoras
- um suspiro eterno -
na parte do mundo
em que o mundo se esconde.
Flor desabrocha,
suga a vida interior e,
ao muro, ouvem-se
canções de um qualquer
perdido por aí.
Consumado por sua voz,
cego por conclusões,
agita-se algo.
Acompanhado, aprendo, porém, a
ser só.
Amargo é o doce da vida.
Vestígios e ruínas: restos da vida.
O racionalismo, o consumo,
o tempo contado,
faz ver o relativo, não o todo.
E o tempo todo conto,
com quanto tempo tenho
para contar o tempo que me resta.
E em mim células, órgãos e mistérios.
Infinito insano a ser descoberto,
enquanto ando só,
contando tempo,
marcando hora, perdendo
meu tempo.
Semiótica, loucuras pisicológicas,
que estuda-se para jogar.
O jogo da vida insana
- suspiro -.
São murmúrios de um qualquer,
por aí.
No muro,
aí.

Angela K. Toth

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Por um instante

Sou eu,
você
e todos nós
condenados ao fracasso perpétuo
e sonhos sonhados
e não vividos...
Agora volta-se
ao mundo
.

Angela K. Toth

sábado, 8 de agosto de 2009

Sub

Carrego peso.
Escoro entre paredes,
e ainda carrego muito peso.
Busco, procuro,
cutuco,
falo,
esperneio,
grito,
mas ainda sinto peso.
Meu pequeno controlador
anda desajustado,
ando com pressa,
ando desajeitado,
olhando pra baixo sempre,
ando procurando uma prece.
Nem todo "trabalho"
pode me ajudar...
ando por aí,
ando torto, desatento,
desajustado com
tempo espaço,
ando, ando
ando em círculos,
em volta da vida que se
volta pra si mesma.
Passo a passo.

Ando.

Olhando para o céu,
agora distanciadamente,
e raramente.
Quero ter meus pés pelos campos.
Quero me sentir vivo,
longe do meu compasso,
passos,
passo,
olhando,
para baixo.

Angela K. Toth.

Niilismo

Agora já não são mais
flores,
amores e dores.
São poucos mínimos
instantes de mim.
O que ainda resta
de flor,
amor,
ódio,
infância
de outrora.
Se desvirtua,
aventura
e desaventura
por veias,
batidas,
bomba natural
do bicho-homem.
Amor banal,
carnal,
fraterno
desigual.
São ilusões,
pequenas discrições
vazio de mim,
em mundo mosaicado
perdido por aí.
Pensamentos agora passivos
e coração mais que ativo.
São milhões em milhares.
Confuso,
disperço,
peço:
interpelação.
Clamo: "Por onde andarás,
alma perdida minha?"

Angela K. Toth

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Às 17h, sofá, chá e esperando.

Esperou por alguns segundos,
coração acelera,
sem fevor,
mas arde,
prestes a explodir
no momento em que
pela boca sair.
Mais frações de segundos
de tempo/ espaço
e os dedos, trêmulos,
buscam afobadamente
algo: arma,
corpo,
calor
a se desgastar.
Nó na garganta,
olhos arregalados,
e a saliva difícil
de ser engolida.
Testa a suar....
Vinte e dois anos
e o tempo não passa.
A angústia por dias
melhores, em vão.
Alma estraçalha,
é humilhada,
aprisionada
em próprio devaneio.
Veias expostas
denunciam
caos privados
em dores públicas.
O que faz agora?
C.L. :
"Agora são tempos
de morango."

Angela K. Toth

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Rosa

Rosa não canta
não fala,
e ultimamente tem
parado de respirar...
Mas por que, Rosa minha querida,
você não sorri mais?
A vida é tão bela e nós,
pessoas maduras
sabemos viver a vida...
Quem sabe?
Talvez se alguém respondesse
quando Rosa
perguntou sobre o que
era política,
o que era céu,
o que era amor,
o que era estúpido...
Mas não: a pergunta foi calada
com "Não pergunte,
não se expresse
você não passa
de um ponto de grande
imaturidade nesse mundo
de pedra!"
Rosa não entendeu,
ficou furiosa
porque não entendia
as pessoas,
a vida,
as frases clichês
jogadas ao vento,
e mesmo assim foi calada
com um "Não".
Coitada de Rosa,
que agora não falava,
não sorria,
estava quase a parar
de respirar, e
mesmo assim,
uma muralha de pele, osso,
e pedra a indagava
por que ela não sorria
como todos.
Rosa carrega agora
o peso de um mundo que
desconhece.
Por que ousou exclamar Rosa?


Angela K. Toth

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Reflexo

Hoje quis explicar,
explicar o mundo,
mas o homem barbudo
não me ouviu.
Quis cantar para a criança
que rondava as lojas,
mas ela não tinha tempo
para mim,
estava ocupada demais
olhando vestidos
e ficando louca
com a ternura
das luzes artificiais.
Bom, daí quis rir
com o mímico que
tentava ganhar um troco
nas calçadas de São Paulo,
porém estava seriamente
concentrado no seu trabalho:
divertir alheios com um sorriso amarelado.
Daí quis gritar, quis saltar,
quis me jogar na frente dos carros
para ver se alguém reagia....
Mas toda humanidade,
todo calor se perde
em modelos, etiquetas,
falas, vestimentas condensadas,
condicionadas por alguém
que agora está bem....
Voltei ao trabalho na esperança
de ver reflexo meu perdido por aí.

Angela K. Toth

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Esperando Godot - absurdo incoveniente.

Quando olhar pro reflexo azul,
segundos se passaram
e derramou-se vida.
Pouco ou muito dela se esvazia.
E ainda vejo quem
quer recuperá-la,
mas como ter tudo o que se derrama?
Cravo as plantas no chão,
sigo pelo cinza.
Do meu lado ouço
de uma boca que
não prova de mesa farta:
"Você não vai embora!
Não vai não!"
Olhos repreensivos e,
agora, os olhos da boca
também falam:
molham o rosto de
quem também viveu
a fantasia de compras
e posses, que muitos
aindam declaram
como verdade irredutível.
Enquanto olham enojados
pro seu cabelo, rosto
e todo resto imundos,
eles não se olham,
menos ainda à sua volta.
Porque tudo uniforme?
Por que as mesmas atitudes?
Por que a vergonha de ser o que se é?
Bom,
gostaria de escrever toda
a história que vi
naquele ser de alma
e coração,
mas como se explicar
pra pessoas que
vivem de angústia
e saboreiam
de um defunto
que veste preto e repete:
"Trabalhem, trabalhem,
vivam, respirem
e absorvam a obrigação como meio!"
e toda realidade
se encobre da fantasia
colorida
de uma propaganda.
Ainda não descobrimos,
não nascemos,
vivemos em sono profundo
esperando ninguém
em lugar algum.

Angela K. Toth

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Instante

Ódio por seguir
com os fantasmas alheios
e orgulho infantil
por não me permitir ser derrotado.
Estraçalhar sentimentos
destruir almas....
Bom, bom, mas e agora?
E agora que leio
a alma alheia
que senti a dor de alguém
que chorei por ver
algo que era pra ser
mas não foi?
É mais do que melancolia e tristeza,
é entender que fui injusto
que não quis entender a carência
de outro....
Agora vejo
a agonia d'alma
que chora como a minha
que se aflige
e geme como a minha.
Agora é piedade
agora é dor idêntica,
melancolia com o fim do dia....
Me divido em vingança,
ódio,
dor,
amor,
ausência,
abandono....
Agora entendo
e choro por sua dor
que agora é minha.

Angela K. Toth

terça-feira, 19 de maio de 2009

Famigerado regular?



Saber do sonho coletivo

que passa na TV. Eu sei.

Saber da fraude da vida.

Eu sei.

Sei. Mas até aí, nada.

Poetisar outros mundos

enquanto acreditam que o mundo

é esfera,

que política é corrupção

que sonhar é pequeno ou médio

que cultura é nível

que arrongância é evolução.

Convivo até aqui

com mentiras,

piadas,

idiotices,

amor,

indiferença e

boas idéias.

O diferente muda,

influencia,

enquanto ouço dizer

que ser igualmente superior

é capacidade do bicho

evoluído.

Transcender agora

se confunde.

E eu, liquidificador.

.

Angela K. Toth


terça-feira, 14 de abril de 2009

Inércia

E mal posso caminhar enquanto
quero ter o mundo pra mim,
enquanto vejo a passividade da vida....
a impaciência do tempo....
a ambição.
Enquanto tudo que se cria com alma
vegeta e some com palavras...
Reduz ao que não é,
ao que não pede
ao que não se vive nem se quer viver....
Questiono meus caminhos,
será? O quê, não sei....
Mas ainda sim quero o mundo,
e mesmo que não o quisesse,
nele piso, nele sofro,
nele aprendo,
nele deixo pouco de mim,
e muito dele levo.

Angela K. Toth

Pit stop


Ao topo


D. A.


segunda-feira, 16 de março de 2009

Morte plastificada



À sombra da janela
vi uma estrela cair
Era cheirosa,
formosa, curvelínea, cores de Almodóvar.
E era também
plastificada,
gaseificada,
siliconizada,
com o bronzeamento
natural
de uma clínica de estética
Enquanto entrava aos prantos,
a estrela caiu....
e todas a adoravam!
Porque era linda, formosa,
cheirosa,
mas era de plástico.
Era como muitas outras
Era do mesmo material
de outras
de supermercados,
lojas de conveniência,
bazares.
Mas todo mundo chorou por ela.
Que era plastificada,
siliconizada, gaseificada.
Não era
Existiu tão pouco.

Angela K. Toth

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Aos que nos carreguem
Descalços, calçados,
dedos de fora.
Uns veêm, outros,
embora.
Caminham, sobre o liso das calçadas,
brincam,
em ruas inacabadas.
Jovens,
pequenos e aventureiros.
Inibidos,
sozinhos,
sofridos.
Marcados pelo tempo, pelo cansaço e,
outros,
pelo pouco espaço.
Nos levam aos caminhos
e o mundo,
desbravam.

Angela K. Toth

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

terça-feira, 13 de janeiro de 2009




segunda-feira, 12 de janeiro de 2009